sexta-feira, 18 de junho de 2010

O último marujo português


        Que as águas da eternidade, por onde agora navegas com tua jangada de pedra, lhe sejam serenas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

AMOR,

sabe, nesses dias frios de outono, o céu de São Paulo tem se feito quente. É. Já são algumas noites seguidas que saio à sacada e dou de frente com a Lua escancarada pra mim. Converso com ela. Tem vezes que ajoelho, até. Sim, tal qual uma adoração mesmo. Não, mas não tenha ciúmes, ela é tão mais brilhante e mais distante! Não a agarro com a mão, como faço contigo e como disse o Waly pra Bethânia em Mel, lembra? Não. A Lua é mais. Ela é mulher, assim, que nem a gente. Olho pra ela, assim, tão meiacheiadeLua e fico pensando em como é bom poder estar aqui embaixo, só pra poder olhar pra cima. Doidice, não? Eu não acho. Acho excitante. Fico pensando em deitar contigo ali no asfalto do Elevado e ficar olhando pra Lua. Queria te versar assim em Bandeira e Caetano. Queria que tu lesse pra mim ali. Me lesse. Aí, eu queria te cantar também. Não... o chão é macio. Acho o Elevado de um lirismo incrível! Dura poesia concreta, sabe? Quase posso sentir a tua língua quente no meu ouvido falando Lemiski, Lenine e Cazuza. A sorte do nosso amor com sabor de fruta mordida.

***

       Sacanagem danada essa de o céu se fazer assim justo agora. Me sinto tão feliz quanto...quanto nada. Me sentir feliz pelo espetáculo que o céu da Paulicéia tem feito nestas semanas é o que basta. Sempre o quis assim: em noite quente e brilhante. Lembro do Sertão e do Pampa, roseana e ericamente enluarados. Então, o peito aperta. Só faço saudade. A Lua me enche. Suspiro, te canto, mas não te conheço.

terça-feira, 8 de junho de 2010

ai, ai, tão grande.

Gosto da saudade e do que ela faz comigo. Gosto de que ela me doa. Gosto de como ela me lateja e me apedreja. Saudade é dor pungente, sim, mas não me mata. Ela me vive. Me mora.

Quando não sinto, sinto saudade da saudade.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Coração de carnaval

carne igual?


Agora, de acordo: sim, gosto de sofrer. Rasgar meu coração em um milhão, quatrocentos e trinta e dois mil pedaços de poesia latejante. O impossível instante da brevidade me atrai como um animal faminto e alucinado em busca da presa. Gosto de saber que nunca vai ser, assim degusto com mais gosto. Só assim posso sentir com mais vigor meu prazer de ser fêmea. Me apetece sobreviver a mais uma desilusão e viver com mais uma saudade.



(Vida aí, minha vida...)