tag:blogger.com,1999:blog-19077711424688317552024-03-13T12:44:21.642-07:00PALAVRAdoce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.comBlogger22125tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-48981127176243713292011-05-29T19:51:00.001-07:002011-05-29T19:52:20.952-07:00vida aí (...)<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">A única certeza agora é que, nos entardeceres quando o céu está tão intensamente lindo que meu maior desejo é deitar nele, tive um dia feliz. Não porque tenha sido agradável o trabalho ou amáveis as pessoas comigo. Mas porque, pura e simplesmente, sinto vontade de fazer do céu, chão. De resto, sei mais nada do que sempre. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span></div><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Apenas da saudade que hoje nada mais é do que lembrança, e não vontade de ser novo. Há que se sofrer por isso?</span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-51994600938585949732011-03-19T19:01:00.000-07:002011-03-19T19:04:07.321-07:00MÉTRICA<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><em><strong>mesmo sem ter havido</strong></em></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Hoje cedo a saudade invadiu e cortou seca meu ateliê. Senti o coração feito linho rasgando ao meio. Feito tecido perfurado pela agulha ágil e certeira da velha Crosley que era de minha mãe e que hoje ocupa lugar de merecido destaque entre a de overlock e a Singer moderna. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Nesse mesmo dia, há exatos dois anos, eu vi Beatriz pela última vez. Fevereiro, faltavam quinze dias para o Carnaval. Eu entregara a ela a roupa que usaria para dançar frevo no Recife. Não era, pois, propriamente uma fantasia, mas tão somente um delicado e curto vestido branco estampado com flores amarelas, alaranjadas e cor-de-rosa. Ela o usaria em combinação com uma máscara verde do tipo morcego e sapatilhas, também amarelas - como algumas flores do vestido - nos pés. Somente.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><em>Seda vermelha.</em></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Eu poderia ter feito o vestido de Beatriz em uma semana. Passadas as festas de fim de ano a demanda caía, deixando-me tempo de sobra para as encomendas eventuais. Além disso, os pedidos para as duas lojas para as quais trabalho já estavam bem adiantados. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E então, aquela tarde de janeiro me trouxe um mormaço bom. Vontade de me estirar, sol na cabeça, coração iluminado. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Abri a porta. Ela disse vir por indicação de uma amiga. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Sorriso aberto, lindo e tímido. Naquela medida certa para o nocaute.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Decidi, então, que, qualquer fosse a roupa a ser feita, levaria um mês. Terminaria com folga para a data da sua viagem.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Era também tempo suficiente para que eu sofresse por ela. Soube disso no instante em que coloquei os olhos sobre aquela mulher baixa de cabelos muito pretos e ondulados. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Sempre funcionei assim: instantaneamente. Paixão, sempre. Eu tenho 36 anos e nenhuma vergonha de dizer que durante toda a minha vida eu fugi do amor. Porque o amor para mim é como se eu costurasse 352 uniformes cinzas para operários de uma indústria automotiva. Seriado e repetitivo. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E eu prefiro fazer fantasias de carnaval.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Aos montes, também, mas uma de cada cor. Uma para cada desejo. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Uma para cada ilusão.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Nunca soube nada sobre Beatriz além de seu nome e que gostava de, todas as manhãs de domingo, tomar café ouvindo os discos que o pai lhe havia deixado de herança.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Apesar disso, o que mais senti dela foi o seu cheiro bom. Entre o doce e o cítrico, ela parecia exalar algo entorpecente.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><em>Veludo carmim.</em></span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Durante o período de confecção do vestido, eu contava as horas até que ela chegasse para fazer a prova. Aproveitava da necessidade de tirar as medidas e fazer os ajustes para ficar bem próxima dela. Não me interessei em desvendar qual era o prazer de Beatriz. Mas nada leva da memória de minha pele os arrepios sutis que ela dava cada vez que eu, sem querer, roçava de leve as minhas mãos em seu corpo com a fita métrica. Era quase uma cena inocente, não fosse meu mais intenso e voraz desejo de tê-la ali, naquele cenário perfeito de retalhos coloridos espalhados por todos os lados. Quando isso acontecia, eu virava lentamente meu rosto em direção ao dela e sorria com malícia. Ela arrumava os cabelos com timidez, puxando-os para o lado esquerdo, deixando assim o lado direito do pescoço inteiramente nu – e até hoje me pego a pensar se ela fazia isso inconscientemente ou a fim de que eu tomasse alguma atitude -. Nessa hora, eu morria um pouco.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Em uma dessas vezes, quando eu estava agachada nas costas dela alinhavando o comprimento da fantasia, não resisti: fiquei em pé, extremamente próxima a ela, mas sem me encostar. Assim, podia sentir emanando para mim todo o seu calor e a tensão expressa em suas mãos, que seguravam com força a parte da frente da roupa. Inclinei meu rosto naquela área perfeita entre a orelha e o pescoço. Ela usava um brinco de lua e estrela. Naquela fração de segundo, em que eu não fiz absolutamente nada a não ser olhar, e que Beatriz apenas tremeu-se toda, fui a mulher mais feliz do mundo. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><em>Linho rosa antigo.</em></span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Uma semana depois disso, o vestido ficou pronto. Ela veio buscá-lo no fim da tarde de uma quinta-feira. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Não quis entrar em casa. Disse que estava com pressa com os últimos preparativos da viagem, que seria no dia seguinte, e pediu que eu fosse até o portão.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Fui até lá, e, enquanto entregava a pequena sacola com a encomenda, lancei meu olhar mais quente, mais apaixonado e já mais cheio de saudade. Eu sabia que nunca mais a veria.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Ela fez o seu movimento com as mãos nos cabelos, agradeceu, me pagou e, antes de, muito rapidamente e sem graça, me entregar uma sacola cor de laranja, olhou para o fusca branco que a esperava do outro lado da rua. Apenas disse: “Tchau...” e foi-se.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Abri: era o LP “Álibi”. </span><br />
<span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-68060166674228484502011-01-23T17:29:00.001-08:002011-01-23T17:29:32.389-08:00Adeus, foi pra nunca mais voltar.<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">ontem meu ipê amarelo da Gabriel dos Santos morreu. A fúria acumulada dos ventos e raios do verão derrubou minha velha e tão recente amiga. Nunca mais o tapete de pétalas sobre a dureza da calçada antiga. Nunca mais ver passar de manhã debaixo dele aquela guriazinha tão mirradinha e loura, pela mão com a mãe levando a bonequinha e ela pra escola. Doeu. As raízes à mostra, assim, tão machucadas, arrancadas à força. Acabou. Só restou a casa bergmaniana. Agora, sem gritos nem sussurros. Apenas meu silencioso suspiro de saudade. (de novo, a saudade).</span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-15228273219164655812010-10-15T21:05:00.001-07:002010-10-15T21:09:34.844-07:00Pergunta ao Tempo<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Courier New";">Esta é uma bela noite para gravar ali na casa da Gabriel dos Santos. Paulistanamente, chove depois de mais uma sessão de cinema. As flores amarelas do ipê estão mais flores. Molhadas na calçada. Estou me afeiçoando a esse cenário, então passo sobre elas com cuidado. E o carinho de uma velha e querida conhecida.<br />
Penso, então, “o que será que vem depois da chuva?” Penso, ainda mais, até quando essa pergunta vai fazer casa na minha mente-coração. Coraçãomente (?)<br />
<br />
<br />
<br />
Como esquecer? ? ?<br />
<br />
<br />
<br />
(hoje: orgulho maior de nosso cinema)<br />
<br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-60408698215354955672010-10-10T18:46:00.000-07:002010-10-10T18:49:03.587-07:00Inspiração<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";">Eu queria parar de escrever sob São Paulo. No entanto, viver aqui torna isso remotamente impossível. Melhor: senti-la da forma que faço torna esse desejo ridiculamente impossível.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";">(Há uma casa ali na Gabriel dos Santos que eu gostaria muito de filmar (se parece muito com a casa de “Gritos e Sussurros”). Ela tem um enorme ipê amarelo na frente, que não se cansa de chorar desde que Verinha chegou. Acho engraçado, pois sempre pensei que quando Verinha chegasse é que ele cessaria de chorar. Enfim... árvores são extremamente sentimentais. Só não arrisco dizer que são humanas porque elas são felizes. E fortes. Admiro infinitamente a imponência de muitas delas, da mesma forma que lanço olhares carinhosamente apaixonados para umas miudinhas, mas todas cheias de flores. Gosto de falar em pensamento com elas. Em voz alta prefiro conversar com a Lua).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";">Pois, que é isso: São Paulo me penetra inteira. Às vezes me faz gozar. E não necessariamente num <i style="mso-bidi-font-style: normal;">apartamentoperdidonacidade</i>. Mas ultimamente ela não me tem saciado. Ela tá me batendo em solitude (tal qual aquela música da Orquestra Imperial: “prefiro solitude à solidão”, sabe qual é?).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";">(Os últimos filmes brasileiros a que assisti tem-me palpitado o coração de orgulho do nosso cinema. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É curioso e interessante como trespassam por meu caminho gentes que se dizem não pertencer a lugar nenhum. Gentes do mundo. – não necessariamente corações vagabundos. Aliás, algo a ser pensado: aqueles que querem guardar o mundo, são guardados? – E eu, que não sou genuinamente daqui, me sinto cada vez mais e mais aqui completa. É certo que se trata de uma completude despedaçada. E gosto assim: ESTILHAÇO.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";">Então, quando assisto a um filme rodado aqui, sinto parte. Sinto lá dentro como pertenço, como me faço aqui. Como sou mais uma. Ou talvez nem isso. </span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";">Um leão (e mais um tigre e uma onça) por dia).</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Courier New";">Tenho rompantes de amor terno por minha mãe.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-14360869736811701202010-09-29T17:50:00.000-07:002010-09-29T17:50:48.231-07:00CINEMA<span lang=""> <div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">São Paulo dá um filme por dia. A infinitude de seus roteiros diários vai de Buñuel a Almodóvar, passando por Fellini, Bergman, Won Kar Wai e Glauber. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Nada de deus nem do diabo. É o supra humano na terra da...na terra. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Hoje eu vi a lua entre o farol e o viaduto.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Gostei então ainda mais do vermelho. E do verde também. Fiquei ali, parada à beira asfalto olhando pro céu. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">(Tanta, tanta gente. Olho pro mar e só consigo matutar: em quem eles vão votar?)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Minha mente psicodelia. Meu coração SAUDADE. Construo mil personagens. O argumento é só começo e meio.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">(tem fim?)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">A propósito: as praias desertas continuam esperando por nós?</span></div></span>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-89413076669504881852010-08-03T09:34:00.000-07:002010-08-03T09:34:44.167-07:00LEITO (ou divagações sobre um colchão visto num cesto de lixo).<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> Ontem, muito perto daqui, vi um colchão dentro de um grande cesto de lixo. Era um colchão de solteiro, cor de creme com rosas cor-de-rosa mesmo e alguns filetes azuis. Um colchão de casal fosse e então eu poderia imaginar milhões de histórias de amor desfeitas, que agora precisam ver indo embora para todo o sempre o visgo reminiscente das horas mais felizes da vida em comum. Mas não, era um colchão solitário.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> Solitário assim, no sentido de, teoricamente, ter sido feito para o um. Porque esse tipo de leito é o melhor de todos para se fazer do <em>dois</em> o <em>um</em>. Certo é que muito espaço se faz mais confortável para os desnorteios do fervor urgente, mas o mínimo dele é mais do que suficiente – e gostoso. Se não há para onde rolar, e a possibilidade de cair é de 100%, o jeito então é deslizar-se por cima, por baixo, de lado, um para cima e outro para baixo e <em>começariatudooutravez, seprecisofosse, meuamor</em>. Assim a urgência se faz mais delirante e o desejo mais infinito. Escorrega-se com mais facilidade porque o atrito é molhado. Prende-se com mais facilidade porque o molhado gruda.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"> Talvez então para isso, para desgrudar da alma a lembrança, o colchão com rosas cor-de-rosa mesmo e alguns filetes azuis foi jogado ao lixo. Ou, então, era de alguma criança mijona.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Ou estava infestado de pulgas. </span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-72827826915053077242010-07-12T20:27:00.000-07:002010-07-12T20:28:10.631-07:00DEVOÇÃO<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Meu altar é feito daquilo que sinto: conchas do mar nordestino, Nossa Senhora Aparecida, fitas do Senhor do Bonfim e meus discos de Maria Bethânia. </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Iemanjá, Iansã, Xangô e o vento minuano. Uma foto de Elis.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Avenida Paulista, Ponte do Guaíba e a prosa de Graciliano. Ser-tão Guimarães e Ana Terra. Incenso de sete pimentas africanas.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Banho de alfazema, a bandeira do Rio Grande. O <em>pampa na garupa em qualquer lugar que eu ande</em>. Leminski.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A fé que me acompanha sem eu saber. Um verso de Torquato: <em>um dia desses eu me caso com você</em>.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Feminino.</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Mulher.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: right;"><span style="color: red; font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">A Lua.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">VERMELHO.</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Samba de roda. Uma roda de chimarrão.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Meu coração.</span>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-65510010812801904552010-06-18T21:28:00.000-07:002010-06-18T21:28:05.922-07:00O último marujo português<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_YjAXidXjPEQ/TBxG9jkXFMI/AAAAAAAAADI/Dr79gY3yvVE/s1600/saramago.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" qu="true" src="http://4.bp.blogspot.com/_YjAXidXjPEQ/TBxG9jkXFMI/AAAAAAAAADI/Dr79gY3yvVE/s320/saramago.jpg" width="298" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Que as águas da eternidade, por onde agora navegas com tua jangada de pedra, lhe sejam serenas.</span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-90986923961874110272010-06-16T17:24:00.000-07:002010-06-16T17:24:24.973-07:00AMOR,<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">sabe, nesses dias frios de outono, o céu de São Paulo tem se feito quente. É. Já são algumas noites seguidas que saio à sacada e dou de frente com a Lua escancarada pra mim. Converso com ela. Tem vezes que ajoelho, até. Sim, tal qual uma adoração mesmo. Não, mas não tenha ciúmes, ela é tão mais brilhante e mais distante! Não a agarro com a mão, como faço contigo e como disse o Waly pra Bethânia em Mel, lembra? Não. A Lua é mais. Ela é mulher, assim, que nem a gente. Olho pra ela, assim, tão meiacheiadeLua e fico pensando em como é bom poder estar aqui embaixo, só pra poder olhar pra cima. Doidice, não? Eu não acho. Acho excitante. Fico pensando em deitar contigo ali no asfalto do Elevado e ficar olhando pra Lua. Queria te versar assim em Bandeira e Caetano. Queria que tu lesse pra mim ali. Me lesse. Aí, eu queria te cantar também. Não... o chão é macio. Acho o Elevado de um lirismo incrível! Dura poesia concreta, sabe? Quase posso sentir a tua língua quente no meu ouvido falando Lemiski, Lenine e Cazuza. A sorte do nosso amor com sabor de fruta mordida. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">***</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Sacanagem danada essa de o céu se fazer assim justo agora. Me sinto tão feliz quanto...quanto nada. Me sentir feliz pelo espetáculo que o céu da Paulicéia tem feito nestas semanas é o que basta. Sempre o quis assim: em noite quente e brilhante. Lembro do Sertão e do Pampa, roseana e ericamente enluarados. Então, o peito aperta. Só faço saudade. A Lua me enche. Suspiro, te canto, mas não te conheço.</span> </div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-65548158993546702942010-06-08T19:19:00.000-07:002010-06-08T19:19:04.117-07:00ai, ai, tão grande.<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Gosto da saudade e do que ela faz comigo. Gosto de que ela me doa. Gosto de como ela me lateja e me apedreja. Saudade é dor pungente, sim, mas não me mata. Ela me vive. Me mora. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Quando não sinto, sinto saudade da saudade. </span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-56856538148282353942010-06-03T12:24:00.000-07:002010-06-03T12:25:06.629-07:00Coração de carnaval<div style="text-align: right;"><span style="color: red; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-small;"><em>carne igual?</em></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Agora, de acordo: sim, gosto de sofrer. Rasgar meu coração em um milhão, quatrocentos e trinta e dois mil pedaços de poesia latejante. O impossível instante da brevidade me atrai como um animal faminto e alucinado em busca da presa. Gosto de saber que nunca vai ser, assim degusto com mais gosto. Só assim posso sentir com mais vigor meu prazer de ser fêmea. Me apetece sobreviver a mais uma desilusão e viver com mais uma saudade.</span> </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Courier New", Courier, monospace; font-size: x-small;">(Vida aí, minha vida...)</span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-40485823589443000742010-05-26T05:25:00.000-07:002010-05-26T05:25:44.175-07:00Drummond no meio do caminho<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: center;"><em>no</em> asfalto <em>estava escrita uma cidade</em></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_YjAXidXjPEQ/S_0TKqH7kwI/AAAAAAAAACg/VZ9T7j3vpAc/s1600/avenida-paulista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gu="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_YjAXidXjPEQ/S_0TKqH7kwI/AAAAAAAAACg/VZ9T7j3vpAc/s320/avenida-paulista.jpg" /></a></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-22367116206373819242010-05-14T04:36:00.000-07:002010-05-14T04:40:39.888-07:00Bandeira se esqueceu da nota de rodapé<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">para explicar que</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
</span><br />
<em><span style="color: blue; font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">quero o lirismo difícil e pungente dos bêbados</span></em><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">foi em memória</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">de Quincas Berro d´Água.</span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_YjAXidXjPEQ/S-01VXDfaOI/AAAAAAAAACY/axffRaVH2vw/s1600/Quincas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/_YjAXidXjPEQ/S-01VXDfaOI/AAAAAAAAACY/axffRaVH2vw/s320/Quincas.jpg" wt="true" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: xx-small;">(cena da belíssima adaptação de Sergio Machado para a obra do Amado Jorge)</span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-78301687224480208302010-04-02T21:02:00.000-07:002010-04-02T21:05:29.601-07:00O mate da saudade<div style="text-align: justify;"> <span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Agora, só posso sorvar o mate da saudade. Antes, não precisava de mais nada além de ficar ali, ao lado dela, sentindo aquele doce amargo em quentes e lentos goles. A pequena cuia gostava de se revezar entre nós. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Gostava muito de abraçá-la, beijá-la, sentir aquele cheiro de minha velhinha querida. Acho que eu era a única neta para quem ela se permitia carinhos assim. Também eu, assim: somente para minha avó meus carinhos físicos mais guardados se permitiam sair. Porque dela herdei esta casca protetora. Este coração de inverno quente. Este sertão-gaúcha que, quando menos espero, salta pelos meus poros. E pelos meus olhos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Nunca mais poderei comer a melhor ambrosia do mundo, nem fazer um interurbano para Guaíba no dia 15 de dezembro. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"> Eu queria ter talento para, tal Cazuza, te escrever uma linda canção intitulada <em>poema</em>. Porém, tenho sofrido com meus anseios que, de tão grandes, não se conseguem traduzir em palavras. Assim, para quem se chamou Maria e resolveu ir-se em 8 de março, só posso dedicar a mais bela, triste e completa palavra do meu vocabulário: saudade. </span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-74739057028465557742010-01-08T20:54:00.000-08:002010-04-02T19:13:53.405-07:00Partidos porque eternos<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Só se deixam partir os abraços que já foram eternos. Instantaneamente eternos. O abraço das almas, que se utilizam livremente do corpo físico para se envolverem. São aqueles abraços que, de tão eternos, sabem que estão condenados à ruptura. Por isso, são mais bonitos. Mais doídos. Mais gostosos. Saudosos. Desejados. E, por isso mesmo, partidos. Porque eternos.</span> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
</span></div><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">(Depois de Almodóvar, Penélope e o estranho amor de Caetano – quem precisa de <em><span style="color: white;">p</span><span style="color: red;">astorterreirobanhodeáguaseteervas</span></em> pra sessão do descarrego?).</span></div><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-32001119889582144452009-12-30T19:52:00.000-08:002009-12-30T19:55:48.541-08:00Agora, o verde maduro<div style="text-align: justify;"> E se, junto à minha garrafinha com o mágico aroma vermelho de morangos, levasse um saquinho de conteúdo deliciosamente táctil: o interior de um figo maduro. E então, quando de uma noite enluaradamente quente, poderia eu tocá-lo com gosto, de fora pra dentro, suavemente veloz ou ferozmente suave. Até o fundo - figo. <br />
</div><div style="text-align: justify;"> Do toque sentiria o cheiro e o gosto. Pois que não posso ver, só sentir. Ali, guardado, preservado - não vale ver. Sentir vale mais. Fecho os olhos e sinto. Só. Aí guardo mais. Sensação-memória. Aqui, serve mais do que a memória da retina.<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-70951019875244133962009-12-12T20:09:00.000-08:002009-12-12T20:09:50.880-08:00Alma em transe<div style="text-align: justify;">Explode, explode, explode coração! Surrealmente, ela existe! Estrela que me guia pelo canto. Mágico. Sublime. Verdadeiro. Brasileiro. Expressão máxima de todos os sentidos da alma. É como a água: mata a minha sede. Toda. Me respira. Me alegra. Me agita. Excita. Tal como quando me chegaste, invadindo-me inteira, arrasando minhas barreiras e tocando onde ninguém mais, talvez nem eu mesma, possa chegar. Me revela. E descobre. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Verde, amarela, azul e branca. Vermelha. Bahia. Calor. Fervor. Amor...<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A memória da retina e do coração me valem mais na alma. Assim, astro que vi de perto, pela linha tênue que separa a vida da vida. Permanecerá. E só engrandecerá. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Amanhã, seja você quem for. Seja o que você quiser. Hoje, minha. Hoje, tua. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">Vivas ao dom de Maria Brasileira Bethania. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">(após o show da turnê "Amor, festa, devoção" - Teatro Abril - São Paulo).</span><br />
</div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-75245528936574034492009-10-20T17:19:00.000-07:002009-10-20T17:19:14.608-07:00O ressecamento da Coisa (aquela coisa do último texto escrito) ou - O prazo de validade da contemporaneidade<div style="text-align: center;"><em><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Modernidadequerimacomintensidadequerimacombrevidadequerimacomvalidade.</span></em><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">PRAZO de validade. Sim, sim, meu amor, tal qual naquele filme do chinês, quando o carinha apaixonado vê uma lata de um produto perecível na prateleira do supermercado e pensa que tudo deve ter mesmo um prazo de validade. Perecível. Brevidade. Validade. Perecível...Expresso. Amores expressos, esse é o nome do filme. É esse! É esse! E ele, o rapaz bestialmente apaixonado, estava coberto de razão. Razão. Tinha ele razão. Porque tá assim mesmo: tudo já embalado e com prazo pra terminar. Antes de começar. Antes. Antes, e já foi. E nem vi. Já foi. Nem deixou eu dizer. E foi. O quê? O que eu ia dizer? Não importa. Já foi. Não, para. Não quero mais saber o que é que ia ser se fosse. Porque não foi. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Tudo, tudo, tudo assim. E a gente ainda acredita que pode. Que dá. Que podia dar. Mas nem de dar dá tempo às vezes. Que dirá de comer. Porque comer demora mais, você nunca sabe qual o tempo que o outro (ou a outra?) vai levar pra gozar. E aí, então, demora mais. E aí...</span><br />
</div><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> <br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> <br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> <br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span> <br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />
</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Acabou o prazo de validade do texto.</span>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-38628279398602038082009-10-15T16:09:00.000-07:002009-10-15T16:09:06.243-07:00A coisa<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Estivesse eu no meu tempo, lá pelos anos 60 ou 70, e estaria debruçada sobre minha máquina de escrever. Não importa, estou fora dele e em frente ao computador (computa a <em>dor</em>?), mas estou. Feliz, restou um cigarro – <em>daquele </em>tempo.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Não importa, o quero dizer agora, exatamente <em>agora</em>, é que acho que é como escrever; mas pra quem escreve mesmo. Porque pra quem escreve mesmo, que escrever é essa hemorragia <em>docoraçãodasvíscerasdaalma</em>, vem assim: de repente. Acho até que é mal educado, talvez grosseiro. Mas eu gosto – todo mundo gosta. E nesse caso eu até sou como todo mundo. Ou talvez não, porque todo o mundo não é como todo mundo. Mas é uma grosseria gostosa, é um desaviso que enche o peito e faz ele saltar pra fora, porque não dá pra esconder. Todo o tempo foi assim. Só que tem gente que escreve diferente. Eu não sei se o meu jeito é diferente, mas é o meu jeito – e como é só meu então pode ser que seja diferente mesmo. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Mas assim é, é que já disseram por aí que todas as cartas de amor são ridículas, e que não seriam de amor se ridículas não fossem. E então eu não sei se isto que estou escrevendo é ridículo, porque não é uma carta. E não é. Eu não sei o que é, eu quase nunca sei, mas como já disseram por aí também, eu quero me aproximar do “é” da coisa, e por isto é que eu estou escrevendo agora: é porque isto é o “é” da coisa. E eu nem sei que coisa é esta, mas ela é. E eu gosto de que ela seja. E só seja. Assim, <em>ser</em>. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">E é super paradoxal, porque a gente já é avisado de que é desavisado, e então eu acho que a gente já devia estar assim: <em>preparado</em>. Mas aí não teria graça, porque a graça do é dessa coisa é ser desavisada. E eu estou escrevendo agora pensando em Caio F. e em Ana C., porque eu acho que em 1970 e em 1980 essa <em>coisa </em>já era essa coisa assim do jeito que eles diziam que era: louca e incompreensível. Não, eles não falaram isso assim, com essas palavras, mas a Literatura (com L maiúsculo, porque a Literatura é um ser vivo) deles fala dessa coisa louca e incompreensível de um modo extremamente compreensível, e é por isso que eu acho que a gente ainda vive no tempo deles, que é o mesmo tempo de sempre, porque a alma coração vísceras sempre sentiram a mesma coisa, só que em 1970 e em 1980 eu acho que ela era melhor traduzida. Porque essa coisa é assim que nem a Literatura: é mais linda e mais real quando está perto da gente, quando está na gente. Lá <em>dentro</em>.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Eu sempre ando com guarda-chuva na bolsa, porque São Paulo é tão multiplamente díspare que até o tempo é assim. E, de repente, <em>chove</em>. </span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Mas hoje, que feliz ironia: deixei o guarda-chuva em casa.</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"></span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;"><br />
</span><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">A propósito: que <em>coisa </em>é essa mesmo?</span><br />
</div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-63001512123665638472009-09-22T14:49:00.000-07:002009-09-22T14:49:58.032-07:00das FloresComeçou ela hoje.<br />
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Gostei do início assim_______________o lilás-roxo do jacarandá fica mais bonito. Mais verde.<br />
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Vinde a nós, prima Vera.doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1907771142468831755.post-23460471749382656582009-09-13T19:18:00.000-07:002009-09-13T19:23:45.525-07:00NEM SILVESTRES, NEM MOFADOS: MORANGOS VERMELHOS<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Se eu pudesse, guardaria aquele aroma em uma pequena garrafa, para levá-la comigo sempre. Aquele cheiro puro, doce e selvagem. Aquele cheiro vermelho. Com nostalgia, com saudade, com desejo. Com desejo. Acho que quando sentisse desejo é que deixaria a tampa da garrafinha aberta por mais tempo. Penso que o aroma de morangos remete ao desejo. Especialmente o sexual. Não sei se isso me está arraigado pelo senso comum da mídia marqueteira, que trata de estampar aos montes imagens de morangos quando o dia dos namorados está próximo. Ou se o faço por conta própria. Talvez. Talvez as duas coisas. Ou talvez só por uma coisa, já que o desejo é algo inato ao ser humano e, inexplicavelmente, pode surgir em uma tarde chuvosa durante o trabalho. Ora, não há nada que se possa fazer em uma situação como essa, mas então eu teria o aroma engarrafado.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Nem silvestres, como Bergman, nem mofados, tal qual Caio, mas pura, obvia e simplesmente: morangos. Morangos aos quilos, soltos - e não presos, apertados em caixinhas para vender - vermelhos, brilhosos e sensuais, com aquela forma que lembra, vagamente, o corpo feminino.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;">Quero-te, quero-te, quero-te: vermelho.</span></div>doce de pimentahttp://www.blogger.com/profile/13360064417635938865noreply@blogger.com2